É um anoitecer úmido no centro de Atlanta, e Kristen Stewart está localizada no Saltwood Charcuterie & Bar no The Loews Hotel, e suas pequenas pernas estão balançando livres enquanto ela fala sobre a prisão feminina. Não uma penitenciaria no estilo de Orange is the New Black – é mais um tipo de encarceramento psicológico e social que todas as mulheres sentem em vários pontos de suas vidas, quando esperam que sorriam, agradem, suportem, aceitem, sejam graciosas, tolerem, peçam desculpas, curvem-se, sejam felizes. Stewart, 25, sabe muito bem sobre a prisão feminina: como uma mulher pode ser punida por não seguir a linha, por não refletir o que a cultura considera que ela deve, por não ser “eu acredito que as palavras operativas sejam: acessível, fácil e sem complicações,” ela diz com rolando os olhos exageradamente.
Stewart, na cidade filmando o drama militar de Ang Lee, Billy Lynn’s Long Halftime Walk, não é, e nunca vai ser, alguma dessas coisas. Ela passou ano sendo criticada por poses desconfortáveis no tapete vermelho, ou por não brilhar em talk-show, ou se atrever a ter desejos além dos que o público apontou para ela porque eles acreditaram que tinham o direito de moldar sua personalidade, já que ela era uma jovem menina em uma série de filmes baseados em livros best-sellers. Finalmente, ela decidiu abraçar os rótulos rebeldes jogados em seu caminho e dizer: “Foda-se isso tudo!”
“Eu ateei fogo no meu universo,” ela admite com um sorriso malicioso, “e eu observei ele queimar.” Stewart abaixa a cabeça, puxa a bainha de seu simples moletom preto. Abana para longe um mosquito. Puxa uma meia caída em seu tênis Converse. “Falando com franqueza,” ela diz, por fim, levantando seu queixo e bebendo um gole de sua vodca tônica, “foi um período muito traumático no começo dos meus 20 anos que começou algo em mim que foi mais,” ela pausa, e então encontra a palavra, “feroz.”
Sobre alcançar a paz com sua imagem pública: “Estou muito orgulhosa que eu sou capaz de seguir em frente e não cair em cada cratera mental. Isso é uma coisa nova para mim. A idade me fez mais inteligente e calma. E isso é incrível pra caralho.”
Sobre sua aparência e corte de cabelo: “Meu cabelo era uma “muleta”. Eu parecia “sexy”, não importa a situação. Eu podia me esconder atrás dele. Logo que eu não tive mais todo aquele cabelo, eu tive que deixar meu rosto aparecer mais. Eu me senti mais confiante do que já me senti em muito tempo. E foi muito bom. Talvez o cabelo longo seja mais bonito para a maioria das pessoas. Mas e então? O seu maior objetivo na vida é ser desejável? Isso é chato pra caralho.”
Sobre pedir desculpas: “Ultimamente, eu tenho feito menos do “eu sinto muito” e mais do “não. Foda-se. Jesus.”
Sobre o melhor conselho que ela já recebeu: “Patti Smith me disse para sempre tomar conta dos meus dentes e pulmões.”
Sobre seu sucesso em uma idade jovem: “Entre 15 e 20 anos, foi muito intenso. Eu estava constantemente ansiosa. Eu era meio louca por controle. E se eu não soubesse como alguma coisa ia terminar, eu ficava doente, ou me trancava ou me inibia de uma forma que era realmente debilitante.”
E! Online:
Antes de se tornar uma estrela de cinema, Stewart era regularmente ridicularizada. Recordando a vida quando tinha 13 anos, se descrevendo como “tomboy”, ela diz: “De repente, não era mais legar ser um dos meninos.” Ela lembra de uma vez, no ensino fundamental, um amigo anunciou alto, “em frente de todo o nosso grupo, ‘Kristen não é uma garota. O que ela é?’ e eu apenas morri. Foi um momento totalmente clichê e inseguro de colapso, quando eu estava ‘eu me odeio pra caralho.’” Fazendo uma careta para a memória, ela diz: “Muitas pessoas dizem, ‘oh, deve ter sido fácil para você.’ Você acha que porque sou uma atriz, eu não tive uma progressão normal nessa fase de ódio a mim mesma?”
“Quando eu era mais nova, eu realmente queria estar com os adultos, para ser tratada como uma,” a atriz de Camp X-Ray diz para a revista. “Eu era a criança mais aberta, avançada e confiante. Ainda estou tentando voltar para isso.”
Como a atriz vencedora do César venceu sua ansiedade? “Em um ponto, você apenas deixa ir e vive sua vida. Eu finalmente consegui isso e ganho muito mais da vida. Eu vivi bastante para uma pessoa, e eu fiz isso para mim mesma – mas eu saí não mais fechada, mas forte. Eu tenho uma capacidade de perseverar que eu não tinha antes,” ela diz. “É como quando você cai de cara muito forte. E na próxima vez, você fica, ‘sim, e daí? Já caí de cara antes.’”
Hoje, ela abraça suas emoções. “Eu costumava me envergonhar sobre como eu choro o tempo todo,” a estrela de Clouds of Sils Maria diz. “Agora, eu acho que é um dom poder sentir as coisas.”
Em retrospectiva, Stewart diz para a Marie Claire, “eu precisei levar uns tapas várias vezes para aprender essa lição. Mas eu não trocaria por nada, para ser honesta.”
Fonte: Kristen Stewart Brasil